sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Vivências de um Microfisioterapeuta

            Após quatro anos trabalhando como Microfisioterapeuta, muito pude aprender sobre as reações de nosso corpo. Quando achava que um acidente automobilístico seria uma das piores coisas para uma pessoa, comecei a descobrir que a palavra ou atitudes ferem quase que da mesma quantia, e ambas podem deixar uma pessoa inválida para a vida toda. Quem diria que nosso emocional poderia fazer tanto a nós, quem diria que ele é o nosso maior causador de doenças.
                Achávamos que somente o nervosismo ou a ansiedade estavam relacionados ao estresse, mas dia após dia os médicos estão aceitando um fundo emocional em milhares de doenças, desde uma depressão, insônia, até uma dor articular ou uma lesão por esforço repetitivo.
                Ano após ano é tentado eliminar uma série de doenças das nossas vidas, mas esta busca sempre encontra uma barreira. A doença geralmente não pode ser eliminada ao todo, se a causa permanece em nós, por isto aparecem tantas recidivas, ou seja, “eu fiz uma cirurgia, mas após alguns anos meus sintomas retornaram”, “eu tomo medicamento e alivia a dor de cabeça, mas no outro dia eu tenho novamente”, “eu me tratei há alguns anos a traz, mas agora o sintoma voltou mais forte”.
                Enquanto vivemos nossas antigas frustrações, consciente ou inconscientemente, permanecemos alterando nosso organismo, cada pessoa de sua forma. Tudo o que somos depende do que recebemos hereditariamente por nossos antepassados, a cultura que vivemos a religião que seguimos e etc. Já começamos não muito bem, pois nossos antepassados foram um povo sofredor, que passou por guerras, disputas de terra, fugas de países, além do mais, num Brasil recém formado, muitas vezes passaram até por necessidades.
                Como vocês podem perceber, nossos problemas já começam a longo prazo, antes mesmo de sermos metade espermatozóide e metade óvulo. Outro período de grande importância consiste nos dois meses e meio antes da fecundação, período denominado de pegada genômica, quando ocorre a formação do óvulo e do espermatozóide. Neste período de formação, o modo em que os pais estão vivendo deixará um traço na personalidade do futuro indivíduo.
                A gestação também corresponde a um período de fragilidades, tanto para a mãe quanto para o feto. As fragilidades gravadas independerão se são relacionadas a frustrações familiares ou profissionais, a forma que elas serão vividas gravarão um padrão emocional. E isto se torna necessário, para dar característica a nossa personalidade.
                Não podemos deixar de lado também a pequena infância, período de brincadeiras, diversão, convívio com familiares e muito aprendizado. Aprendemos a segurar a cabeça, a engatinhas e depois a andar, aprendemos a balbuciar palavras, depois falar e depois a cantar. Mas também neste período somos, pequenos, frágeis e suscetívos aos perigos ao nosso redor, estamos sempre prontos para voltar para dentro da fortaleza protetora dos braços de nossos pais. Mas quando a fortaleza se torna uma ameaça, temos de criar nossas próprias armaduras, nos tornando rígidos, dependentes, ou com falta de confiança.
                A nossa vida é cheia de experiências boas e ruins. Das boas tiramos muitas lições, das ruins mais ainda. Tudo que passamos nos ajuda a evoluir e sermos quem somos. Passar por traumas não é tão ruim, mas sim o fato de permanecermos nele é que geram um tremendo estrago em nosso organismo. Devemos nos libertar de nossas frustrações mais profundas, sejam elas hereditárias, logo antes da gestação, na gestação, infância ou na vida adulta, para que possamos viver numa totalidade de nosso “eu”, e não viver influenciado pelas marcas existentes em nosso passado. A mágoa, a raiva, a discórdia só nos levam a decadência do nosso ser.
                Como o peso de nosso passado, vivemos reagindo as situações emocionalmente, e não racionalmente, como deveríamos, fazendo com que outras pessoas ao nosso redor sejam magoadas ou fiquem tristes pelas palavras que proferimos. O ato de largarmos a influencia do nosso passado faz com que tomemos a direção de nossas vidas, e possibilita que façamos escolhas dantes inimagináveis.